Concentração de médicos no primeiro dia de greve, a 1 de agosto de 2023

Médicos em Portugal são dos mais mal pagos da Europa e arrancam primeiro dia de greve com 95% de adesão | Doctors in Portugal are among the worse paid in Europe and go on a two-day national strike

A greve de dia 1 e 2 de agosto, hoje e amanhã, arrancou com 95% de adesão, num dia também marcado pela entrega dos princípios da contraproposta da FNAM no Ministério da Saúde, no decorrer da Concentração Nacional que juntou centenas de médicos em Lisboa. Os médicos em Portugal são dos mais mal pagos da Europa e com condições de trabalho cada vez mais precárias.

Ao longo de 15 meses de negociações, o Ministério da Saúde demonstrou falta de empenho e competência para entregar propostas capazes de dignificar as carreiras médicas e o salvaguardar o futuro do SNS, mas a FNAM precisou de apenas uma semana para entregar os princípios da contraproposta à altura das necessidades dos médicos e do SNS.

A FNAM defende um aumento salarial digno, transversal, para todos os médicos e que compense a perda do poder de compra da última década e a inflação, que coloque o horário semanal nas 35 horas, que reponha as 12 horas semanais do horário normal em serviço de urgência, que recupere o regime de dedicação exclusiva, opcional e devidamente majorado e que inclua o internato médico no 1.º grau da carreira médica.

Como é visível diariamente em várias unidades de saúde e serviços, o SNS caminha sobre uma camada de gelo fino, seguro pela dedicação dos médicos, com abuso de horas extraordinárias e do trabalho dos médicos internos que deviam ter como prioridade a sua formação.

As políticas de saúde atualmente em curso, a que se somam episódios onde a prepotência administrativa e o unilateralismo negocial falam mais alto do que o interesse público, resultam numa fragmentação progressiva do SNS, com decisões sucessivas que destroem as carreiras médicas e reforçam o exílio dos médicos para o privado e para fora do país.

Com a adesão à greve, uma vez mais, a demonstrar a unidade avassaladora da classe nesta luta em defesa da dignidade que a profissão merece, esta é uma demonstração gritante da necessidade de um plano de emergência para salvar as carreiras médicas e o SNS. É também um alerta muito claro para que o Ministério da Saúde abra mão da sua intransigência e do seu radicalismo, incorporando as propostas dos médicos de forma séria, com coragem e a transparência fundamentais para um acordo capaz que todos, médicos e utentes, precisamos.

 

Doctors in Portugal are among the worse paid in Europe and go on a two-day national strike

Doctors in Portugal started a two-day national strike, 1st and 2nd of August, during the World Youth Day Lisbon 2023. They are among the worse paid in Europe, working with increasingly precarious conditions at the Portuguese National Health Service (NHS).

In this first day of strike, we registered a strong mobilization with a global adherence of 95% in hospitals and primary care, that brought together hundreds of doctors in a demonstration at the Ministry of Health, in Lisbon.

Over 15 months of negotiations have passed, but the Ministry of Health failed to deliver any suitable proposals that safeguard medical careers and NHS future. The National Federation of Doctors (FNAM) counter-proposal provides the basic principles that we consider essential to retain and motivate current and future NHS doctors.

FNAM claims for fair wages to all doctors that compensate decades of purchasing power loss, due to inflation and salary stagnation. Moreover, FNAM rejects the maintenance of a 40-hour working week (instead of 35 hours), the increase to a 9-hour workday and the illegal rise of the current annual limit of supplementary work to 300 hours (instead of 150 hours) which, combined, would force doctors to work 4 additional months yearly. Finally, we propose a working regimen with exclusive dedication to the NHS, optional and properly compensated, as well as the inclusion of medical residency in medical career.

This is a wake-up call for the Portuguese Ministry of Health to give up its blinded stubbornness, and have the courage to incorporate doctors’ proposals in the NHS so that all citizens will maintain access to a universal health service with quality and future.

© FNAM - Federação Nacional dos Médicos