Pizarro ainda sem as respostas que queremos ouvir

Pizarro ainda não foi capaz de um acordo digno e à altura das necessidades dos médicos e do SNS

Manuel Pizarro ainda não foi capaz de um acordo digno e sem artimanhas escondidas nas cláusulas, com a justa atualização da grelha salarial para todos os médicos. Depois de mais de 9 horas de reunião, os trabalhos foram suspensos até à próxima terça-feira, às 14h30, data em que o Ministério da Saúde (MS) ficou de apresentar por escrito mais uma contraproposta.

 Num momento em que se esperava uma resposta política à altura das circunstâncias, o resultado terá que ser convincente e não pode defraudar as expectativas dos médicos e da população. Além disso, tem que haver vontade política em resolver a situação catastrófica que se vive no SNS, com encerramento dos SU de adultos, pediatria e obstetrícia por todo o país.

O Ministro da Saúde reconhece, nas palavras, as soluções que os médicos reivindicam, e sabe que qualquer perda de direitos, que coloque médicos e doentes em risco, será recusada liminarmente pela FNAM.

Por outro lado, se o primeiro-ministro afirma que o problema do SNS não é financeiro, impõe-se a atualização salarial com um aumento de 30% em conformidade com a nossa responsabilidade, e que não esteja associado a mais horas de trabalho e a uma flexibilidade do horário que obriga a que o médico esteja sempre disponível, em total destruição do direito ao descanso e a ter vida pessoal e familiar, como consagrados na Lei da Républica Portuguesa.

Os milhares de médicos que ainda se mantêm no SNS, com muito esforço pessoal para o manter de pé, e que todos os dias saem de casa para o trabalho sem saber a que horas voltam, sabem que, para confiar nas palavras de Manuel Pizarro, têm que ver um acordo escrito satisfatório, com propostas capazes não só de os manter no SNS, mas também de recuperar muitos dos que dele saíram.

A FNAM esteve sempre disponível para assinar um acordo, aceitando que algumas medidas possam vir a ser faseadas dentro de um tempo realista, mas teremos de ter garantias de que a carreira médica e o SNS têm o futuro salvaguardado com a dignidade que merece.

A FNAM mantém as suas formas de luta, o apoio a todos os médicos que entregam as declarações de indisponibilidade para não fazer mais trabalho suplementar para além do limite anual das 150 horas, a greve dos dias 14 e 15 de novembro, as manifestações locais no dia 14 e a ida da delegação da FNAM a Bruxelas para reunir com os eurodeputados e a Comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, de forma a apresentar um retrato da situação dramática que se vive na Saúde em Portugal e apresentar, neste âmbito, as soluções da FNAM para que se recupere, com urgência, a carreira médica e o SNS.

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